O
rádio, devido ao baixo custo e a sua portabilidade, ainda é muito utilizado no Brasil, o que o torna popular.
Nas décadas de 60 e 70, foram feitas várias experiências educativas na área de ensino a distância, principalmente na área da alfabetização de adultos e preparação para o mercado de trabalho. Mas como a linguagem utilizada e o grau de dificuldade era muito alto, o índice de evasão dos cursos era muito alto.
Bachelard (1986) afirma que o potencial do
rádio é enorme, tendo em vista o poder de imaginação que provoca nas pessoas. Como o aprendiz não vê o que está sendo dito, ele cria, imagina situações, ou seja, constrói seu próprio significado ao que está sendo ensinado, o que se traduz em conhecimento significativo.
Nos anos 90, Kaplún, um pedagogo paraguaio, defendia a criação de ambiente de aprendizagem que mesclasse educação e entretenimento, para que o aprendizado se tornasse atraente e lúdico, e com isso, mudou o foco da educação formal para um sistema de aprendizagem aberta, com o objetivo de construir o conhecimento significativo. Ele pensava no rádio como um espaço para a transmissão de valores e para a educação em sentido amplo, de cidadania e não como um simples espaço para transmissão de conteúdos escolares.
Nos anos 60 e 70, o modelo de ensino predominante era o instrucional, em que os alunos estudavam por apostilas, com alguns encontros presenciais. Na década de 70, o projeto Minerva, do Ministério da Educação e Cultura, que oferecia o ensino supletivo para jovens e adultos, utilizava o tempo gratuito que as emissoras de rádio tinham que reservar aos programas educativos. Porém, o ensino instrucional não levava em conta os fatores regionais, fazendo com que a experiência não desse certo.
Nos anos 80, o rádio educativo adquiriu novo sentido no Brasil quando determinadas ONGs, por exemplo, criaram novas formas de expressão, adaptando dramatizações de situações do cotidiano para produzir conhecimento.
A abordagem pedagógica de Kaplún inspirou vários projetos radiofônicos educativos desenvolvidos por instituições governamentais e não governamentais brasileiras a partir da década de 90.
No período de 2001 a 2007, os programas educativos romperam o modelo de educação instrucional para oferecer ao aprendiz maior interatividade, flexibilidade e um papel ativo, promovendo maior participação no seu próprio processo de aprendizado, abrindo caminhos para o desenvolvimento de projetos de utilidade pública, abrindo caminhos para a promoção da cidadania, através do Sebrae, em parceria com a Abed.
O projeto de rádio A gente sabe, a gente faz é uma modalidade de aprendizagem aberta que envolve a produção e disseminação de cursos por rádio orientados por objetivos e desenvolvimento de competências.
O Sebrae desenvolveu uma concepção educacional integrada inspirada na abordagem da comissão sobre educação para o séc.XXI, apresentada no relatório da Unesco, que propõe quatro pilares-base: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser.